THE THIN LINE


Em um mundo recuperando-se lentamente da crise global, imaginem o que seria uma crise de proporções nucleares em pleno Sudeste Asiático? Bem nas barbas da China e da Rússia? Imaginem possíveis cenários como os abaixo:
Cenário 1 (“Contenção Insolúvel”): a Coréia do Norte reage ao bloqueio naval, atacando a Coréia do Sul. Estados Unidos e Japão saem em defesa do aliado do sul, a China entra no conflito para dar suporte ao ditador lunático do Norte, e a Rússia espera tensamente a resolução do conflito.
Possível desfecho – Já vimos este filme antes, nos anos 1950, e o desenlace perpetua-se até hoje: armistício, fronteira tensa e instável, e um governo capaz de tudo para se perpetuar no poder, armando-se até os dentes e gerando instabilidade na região.
Cenário 2 (“M.A.D.”): a Coréia do Norte lança mão de seu arsenal nuclear, atacando o vizinho do sul e o Japão. Os Estados Unidos se mobilizam, lançando suas ogivas táticas nucleares, levando tanto a China quanto a Rússia a entrarem também com suas “nukes”.
Possível desfecho – temos o pior cenário possível, previsto por Robert McNamara e os seus wise kids durante a crise dos mísseis de Cuba no Governo Kennedy – a “M.A.D”. (“Mutually Assured Destruction”, algo como “destruição mutuamente assegurada”), tão temida durante o período da Guerra Fria. Certamente, seria o estopim para uma Terceira Guerra Mundial de proporções nunca antes vistas na história da humanidade.
Cenário 3 (“O Dragão Mostra as Suas Garras”): A China – principalmente – e a Rússia não querem um conflito dessas proporções em seu “quintal”, e agem cooperativamente junto aos Estados Unidos para conter as peripécias do “rato que ruge” que é o regime norte-coreano. Afinal, a última coisa que o regime chinês gostaria para a sua recuperação econômica seria um cenário dessas proporções no Sudeste Asiático.
Possível desfecho – a China emerge como a grande potência rival do Terceiro Milênio, deixando de ser um mero gigante econômico, assumindo suas responsabilidades no sistema internacional de nações. Possivelmente, China e Estados Unidos iniciam um processo de engajamento pontual e co-responsável, incidindo inclusive na contenção dos interesses russos no Cáucaso e no Sudeste Asiático. Além disso, Japão e as Coréias são cada vez mais cooptadas para a esfera de influência chinesa.
Dessa maneira, o verdadeiro jogo para os Estados Unidos ocorre na região do Caúcaso e da Ásia Central, local de imensas reservas energéticas de petróleo e gás. O(s) prêmio(s) é (são): Irã, Israel, Palestina, Afeganistão, Paquistão, Síria, Líbano, Arábia Saudita, Rússia e China. O triângulo Irã-Israel-Palestina é muito mais crítico para Obama do que a situação na península coreana – apesar do regime norte-coreano ter desenvolvido mísseis cujo alcance pode atingir a costa do Alasca.
Para este Escriba que vos fala, o conflito entre as duas Coréias é o verdadeiro teste de fogo não para a diplomacia norte-americana, mas sim para a nova China. Trocando em miúdos, a famosa discrição confuciana do regime de Pequim terá de ser abandonada por uma postura mais assertiva e por um maior engajamento na segurança da região. Afinal, o Sudeste Asiático é o lebenswelt da China…
Anúncios
Categorias:Estados Unidos, Guerras, Política, Sudeste Asiático
Comentários (0)
Trackbacks (0)
Deixe um comentário
Trackback