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>RIO DE JANEIRO É DESTINO PREFERENCIAL PARA O PÚBLICO GAY

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Nos últimos 20 anos, o noticiário sobre o Rio de Janeiro tem sido dominado por dois temas: a pobreza evidenciada pelo grande número de favelas e comunidades carentes, e a violência do narcotráfico. A cidade, que sempre foi o cartão-postal do Brasil e porta de entrada dos estrangeiros em nosso país, vem sentido os efeitos da desordem urbana na sua principal vocação econômica, que é atividade turística. Mesmo assim, o charme e as belezas naturais da Cidade Maravilhosa têm mantido o interesse dos visitantes estrangeiros. Menos mal, então…

Eventos pontuais como shows e o Pan-Americano têm trazido um fluxo significativo de turistas para o Rio. No entanto, o perfil de turistas que mais cresce em nossa cidade é composto pelo público GLS (Gays, Lésbicas e Simpatizantes). Para as mentes mais conservadoras isso pode até causar um choque inicial, mas o potencial de consumo desse target é enorme, e um profissional de marketing não pode virar os olhos para isso. Alguns empreendedores cariocas estão começando a atentar para isso.

No mundo inteiro, o Rio de Janeiro vem consolidando a imagem de ser uma capital gay-friendly – um local amigável para os homossexuais e simpatizantes. A grande justificativa disso é dada pelo espírito descontraído e alegre dos cariocas, além de uma infra-estrutura de apoio que vem sendo desenvolvida para atender esses turistas. A grande massa desses turistas é proveniente de países como Estados Unidos, Alemanha e Inglaterra, e o número de vôos diretos do Rio para as capitais desses países no Aeroporto do Galeão-Tom Jobim é uma prova cabal do crescente dinamismo desse setor. Segundo ONGs internacionais, a estimativa é de que cerca de 10% da população carioca – cerca de 600.000 habitantes – são gays e lésbicas, nacionais e estrangeiros, sejam moradores ou turistas a passeio.

A matéria de capa da Veja Rio da semana passada aborda esse tema, mostrando o potencial elevado de consumo do público GLS. Afinal, são pessoas que trabalham em profissões muito bem-remuneradas – em áreas como arquitetura, decoração, design, moda e criação, publicidade, teatro, cinema, televisão, dentre outras – que, por força de sua opção sexual, têm opções bastante restritas de lazer e entretenimento. O que torna o Rio uma cidade gay-friendly é também a baixa taxa de rejeição de seus habitantes – segundo uma pesquisa divulgada pelo Ibope no início de 2007, 71% dos habitantes cariocas não descriminam as pessoas por sua orientação sexual.

Logo, a mistura é irresistível. Sol o ano inteiro, praias, belezas naturais, ausência de ataques terroristas (salvo os promovidos pelo narcotráfico!), facilidade de acesso e infra-estrutura de suporte turístico cada vez sendo aperfeiçoada, fazem com que o público GLS escolha a Cidade Maravilhosa como destino preferencial de suas férias…

O número de locais para esse público cresce a olhos vistos, e a Rua Farme de Amoedo em Ipanema é o reduto desse público gay mais abastado. Também vem crescendo as opções de lazer e entretenimento especializadas: boites (Le Boy e Le Girl), festas (X-Demente), clubes noturnos (Dama de Ferro e Galeria Café, em Ipanema, e Fosfobox, em Copacabana) e restaurantes (00, na Gávea, Roberta Sudbrack, no Jardim Botânico e Pérgula, no Hotel Copacabana Palace) se tornam points de encontro desses consumidores. Além da Farme de Moedo, outros locais como a Lapa, a praia de Ipanema, a Praia de Copacabana na altura do Posto 9 também são points desse público.

Há cerca de 20 dias atrás, uma pesquisa de mercado feita pela Intersearch indicou que esse público gasta até 4 vezes mais com lazer e entretenimento do que as famílias convencionais. Isso se explica pelo fato da conjunção entre renda elevada e ausência de filhos, diminuindo as pressões de consumo daí decorrentes e gerando maior lastro financeiro e disponibilidade elevada de consumo. Outra pesquisa relizada pelo Departamento de Turismo da UniverCidade, a pedido da Prefeitura do Rio, atestou que o público masculino é predominante na cidade – 75% dos turistas GLS são do sexo masculino, 55% têm nível superior e 60% viajam sozinhos. O gasto também é maior – 160 dólares por dia, contra 80 dólares no caso dos turistas heterossexuais.

Algumas empresas começam a olhar com mais carinho esse tipo de publico. Por exemplo, a TAM Viagens criou um departamento específico para atender esses clientes, que organiza pacotes voltados para o público GLS. O empresário Eduardo Lima, dono da agência G Travel – especializada no turismo gay -, abrirá um spa exclusivo no mês que vem em Ipanema. Ontem, foi inaugurada a filial carioca da boite pulistana The Week, localizada no bairro da Saúde, zona portuária da cidade.

Nossa cidade precisa desesperadamente do ingresso de divisas para movimentar a atividade econômica, que vem em vertiginoso decréscimo desde os anos 1980. Culpa de gestores incompetentes e políticos desonestos, que exploram a pobreza e a ignorância, transformando-as em capital político – leia-se votos! Por essas razões, é preciso que haja uma mentalidade mais aberta para encarar sem preconceitos as necessidades e desejos do público GLS, que buscam em nossa cidade uma forma de relaxar e aproveitar as alegrias que a vida nos proporciona…

Portanto, sejam bem-vindos a Cidade Maravilhosa, and have a nice stay!
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